Taylor Swift deu o que falar essa semana após fazer uma carta aberta ao serviço de streaming da Apple. Em seu texto, a cantora se queixa da empresa da maçã e diz que os artistas não tem valores justos repassados para eles. Mas em guerra de gigantes quem ganha e quem perde?
Eu, particularmente, ando bem incomodada com essas brigas entre direitos de música e pagamentos aos artistas. Claro, que acho que quem faz a música merece ser remunerado por isso, como fã, se consumo algo é pra “agradar” meu ídolo. Os serviços de streaming são acusados de pagarem pouco, ou nada (dependendo do contrato) à cantores e bandas. O recém-lançado Apple Music levou um puxão de orelha de Taylor pois o período de testes do usuário é de graça para gente e os artista também não vêem a cor do dinheiro – isso porque cada músico é remunerado pelo número de execuções de sua canção, mas só após o trial.
A cantora loira decidiu tomar partido e deu uma bronca na Apple, uma empresa multimilionária, dizendo que “isto não é sobre mim. É sobre o novo artista ou banda que acaba de lançar seu primeiro single e não será pago por seu sucesso”. Até aí tudo bem, mas eu não acredito no coração puro de artistas tão ricos. Atualmente a música, a faixa musical por si só, se tornou um commodity. Algo mensurável, precificável, um bem de consumo como outro qualquer. Os artistas de alto calibre (inclua também Jay Z e o seu Tidal) brigam por controle de seus centavos e de suas músicas. É óbvio que acredito que os músicos precisam (e devem) ser pagos por seu trabalho, porém me parece que a briga figura num tom de mesquinharia.
se eu quisesse dar música de graça eu tava tocando no metro ne amiga @AppleMusic
— capitalista swift (@capitaylorswift) 21 junho 2015
(perfil de humor no Twitter brinca com a questão da Taylor x Streamings)
Se eu sou dono da canção, então divulgo e publico ela onde eu quiser e foda-se (nisso, fodam-se os fãs também, pois os artistas precisam provar um ponto). A briguinha virou picuinha, e a gente vai ter pagar a conta (as usual) em um momento em que parecia que a indústria fonográfica estava aprendendo como se faz. Madonna, que eu tanto amo, lançou seu último clipe, “Bitch I’m Madonna”, com exclusividade no Tidal (ó ele de novo aqui), serviço de streaming que tem como donos apenas artistas, Beyoncé e seu marido, Kanye West e… Madonna (por coincidência, essa galera é a mesma que participa do clipe). Claro, que pouca gente viu, apenas aqueles que desembolsam R$ 14,90 pra ter acesso. E se você libera seu último trabalho num serviço não muito popular, seus números são baixos. No dia seguinte, o video foi lançado pelo Vevo e consequentemente entrou no Youtube e depois de quatro dias no ar já tinha 12.477.076 visualizações (até o fechamento desse post).
Vamos lá que a história não vem de agora! No início dos anos 90 existam três formas de consumir música: pelo CD – que você comprava -, na rádio e pela MTV. O CD você pagava (e as vezes gravava em fita para ouvir no carro), na rádio, quem pagava a conta era a empresa, assim como a MTV (a gente até gravava em VHS os favoritos para ver depois). Só que em 1999 veio o vilão dos artistas, o Napster, um serviço que permitia troca de músicas via internet, sem que ninguém pagasse a mais por isso. A ideia em si era bacana: eu tenho amigos virtuais e troco com eles músicas, assim como emprestar meus CDs pra outros gravarem. Só que coisa tomou proporções gigantescas e Metallica e Madonna viram seus impérios ameaçados. Mas uma coisa foi decisiva nessa época, o produto música deixou de ser um bem de troca e os artistas tiveram que se reeinventar e buscar novas formas de atrair o público.
Desde esse momento em diante, as vendas de CDs caíram e as medições de disco de platina e diamante ganharam outros números. Até 2004 para seu disco ser considerado de diamante era preciso vender 1 milhão de cópias, atualmente, com apenas 250 mil, o artista atinge esse marca, de acordo com a ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos).
No fim das contas, Taylor Swift conseguiu mudar a política de pagamentos da Apple, que agora remunera os artistas independente de suas músicas serem ouvidas no período de testes pelo usuário. Eu acho que o serviços de streaming são o futuro da música, a Taylor concorda, mas não disponibiliza sua música ainda: “Espero que em breve eu possa me juntar a eles [Apple] no desenvolvimento rumo a um modelo de streaming que pareça justo para aqueles que criam esta música”. (leia a carta na íntegra no Tumblr da cantora).
Mais uma vez o que me incomoda é que a carta é direcionada para empresa e trata de um serviço (que teoricamente é para os fãs), só que é apenas tratado como se fosse uma conversa entre dois pontos: o artista – quem vende música. Onde ficam as pessoas que consomem? Qual a opinião delas? (Onde vivem? Sexta, no Globo Repórter, rs). Meu “sonho” é um modelo que seja bom para todos, que todos tenham voz para sugerir e que ganhem suas fatias! Enquanto isso, alguns artistas da música Pop seguem figurando na lista dos mais ricos do mundo!
Sobre os serviços de streaming:
O Napster que gerou toda essa confusão na indústria musical, pra início de conversa, se tornou um serviço de streaming também. Já Apple Music, que irritou a Taylor, ainda não foi disponibilizado no país, mas nos EUA sai por US$ 9,99 (algo como R$ 30,80). O Spotify viu que a concorrência está acirrada e lançou a seguinte promoção: primeiros 3 meses de Premium por apenas R$ 1,99. Depois, apenas R$ 14,90 por mês. Mas existe uma conta free, essa que tem bastante anúncios. Já o TIDAL Premium, que tem como donos alguns artistas, cobra R$ 14,90 (com direito a teste gratuito de 30 dias).